Análise do Filme – Sete Minutos depois da Meia-Noite

    Baseado no livro de Patrick Ness, Sete Minutos depois da Meia-Noite, é um filme lindo onde nos mostra várias ramificações de nossa mente e nossa família e como essas duas coisas devem andar juntas.

Em um primeiro momento, você pode ter achado o filme um pouco viajado ou como meu marido mesmo disse “Esse menino consumiu drogas?”, mas na visão da psicanálise, temos muitos pontos de observação que leva a ser um filme com muitos aprendizados, e eu espero passar o máximo nesse post para vocês.

O filme conta a história de Conor O'Maley, com 13 anos de idade e sua vida gira em torno de uma mãe com uma doença terminal, avó manipuladora, pai ausente (tanto emocionalmente quanto presencialmente) e bullying que ele sofre na escola.

Na cena inicial aparece Conor segurando a mãe para que ela não caia em um buraco, ele tenta segurar e ela fica gritando o nome dele e ele desesperado tenta segurar, mas mesmo assim, ela cai. Nesse momento Conor acorda.

Ele se levanta de sua casa, se veste sozinho, coloca a roupa para lavar, faz algo para comer, tudo que com 13 anos, provavelmente (na maioria das vezes) alguém responsável por você tinha essa função. Na realidade de Conor, ele faz sozinho, porque ele passou a ser seu cuidador, a partir do momento em que sua mãe adoeceu, conseguimos inclusive ver que após ele fazer tudo isso em casa, ele sobe para ver a mãe e a mesma continua dormindo, ele pega suas coisas e vai para escola.

É importante pontuar que Conor mora somente com a mãe e no momento em que ele se vê naquela situação de a mãe estar doente, inconscientemente vem a sensação de abandono ou ainda pior “a culpa de ela morrer é minha”.

Conor pega suas coisas e vai para escola, na saída da escola ele encontra o valentão da sua sala e apanha.

            Quando chega em casa vê sua mãe e vó conversando e ele percebe que é sobre ele, mas em nenhum momento algum adulto o posiciona de sua vida após sua mãe morrer ou da doença de sua mãe, estão ele sempre tem a falsa sensação de bem estar (ele quer e acredita nas mentiras).

            Nessa mesma noite Conor está em seu quarto desenhando quando um mostro feito da árvore de teixo que fica na frente de sua casa, surge.

            O mostro demonstra as ramificações do cérebro e da vida, as ramificações que fazemos ao longo de nossa vida. E o mostro fala para ele que aparecerá, durante 4 noites, 7 minutos após a meia-noite, para lhe conta histórias. Ele irá contar 3 histórias e na quarta noite quem irá contar será o Conor, e se ele não contar a sua história, sua verdade, ele morrerá.

            E até aqui você já deve estar pensando “Está sonhando, certeza”, vamos continuar....

 

Primeira história: Nem sempre existe um vilão e nem sempre existe um mocinho. Todos temos vilão e mocinhos dentro de nós. E toda história tem dois lados.

            Essa primeira história foi para Conor entender que sua avó não era a vilão, mas com certeza não era a mocinha também. Que da mesma forma que havia coisas ruins para ela, havia para ele.

 

Segunda história: Acreditar faz parte da cura.

            Após a arvore contar a terceira história, Conor sai do “transe”, do momento de histeria dele e se depara com a sala inteira da sua avó destruída. Ele destruiu a sala inteira enquanto estava conversado com o teixo.

 

Terceira história:  Se ninguém nunca te vir, você realmente existe?

A terceira história acontece no momento em que o menino que bate em Conor, chega para ele e fala que não vai mais bater nele, porque sabe que é isso que ele quer, agora ele será invisível para ele também. E nesse momento Conor entra em seu momento de histeria é quando a árvore aparece e ele corre ate o valentão da escola e bate nele, até leva-lo para o hospital.

É muito importante entender que a todo momento Conor ficar perguntando para o pai, a mãe e a avó “Você não vai me castigar?”, como se a única coisa que ele precisasse era dessa punição.

Então, sua mãe piora, e conta que nenhuma medicação está funcionando e que ela irá morrer e nesse momento, Conor sai correndo atrás da Árvore e ele tem que contar sobre sua verdade.

E Conor reluta para contar, porque quando você diz uma verdade, ela se torna aquilo e a Árvore diz para ele, “Se você não contar, você irá morrer.”

E Conor conta, que na verdade em seu pesadelo, ele não tenta segurar a mão da mãe, ele solta para que acabe logo, porque ele só queria que acabasse e que agora que ele falou a culpa era dele de ela morrer.

Nesse ponto, entendemos a culpa que ele carrega, a punição que ele sempre procurar de todos a sua volta. Ele quer ser punido por querer que acabe logo tudo aqui.

E a árvore fala, “Não importa o que você pensa, importa o que você faz.”

          Nesse momento, Conor se sente livre, aliviado de ter falado o que lhe afligia (foi o seu momento “cura pela palavra”), e Conor dorme, aos “pés” da arvore, porque antes ele estava tão cansado do de carregar esse fardo, que ele não dormia e nesse momento ele pega no sono, quando aquela aflição sai de dentro dele.

            No final, a árvore não veio para curar a mãe de Conor, mas veio para curá-lo, para fazer com que ele entendesse que a mãe deveria partir, e que ele deveria deixar com que ela partisse.


Filme: Sete Minutos depois da Meia-Noite

Livro: Baseado no livro de Patrick Ness

Ano: 2016

Duração: 1h48min

Plataforma: Netflix


 

 

 


Comentários